Madona, Nossa Senhora dos Milagres ou Anita no reino dos Liliputianos.
Amélia Folques
Para minha defesa alego ser fã da Madona. Não daquelas que arrancam os cabelos e que vão aos concertos e choram. Mas porque lhe reconheço mérito, trabalho, empenho e o esforço com que construiu a sua carreira. Devo-lhe momentos fantásticos da minha juventude a ouvi-la e dançar ao som das suas músicas. Não a subestimo nem a ridicularizo, acho que é uma grande mulher.
Agora esperar que ela seja uma Santa Milagreira e vá dar uma áurea de ouro a Lisboa e arredores, dando fama e glória infinita parece-me um exagero. Toda esta romaria que raia o assédio que é exercido sobre a Madona me incomoda. Toda esta loucura mediática mais o serviçalismo do Medina que se desloca ao Hotel Ritz para se encontrar com ela com a desculpa esfarrapada de dar as boas vindas roçam o provincialismo no seu pior. Lisboa ganha e muito é certo com as publicações da rainha do rock nas redes sociais. Ela consegue fazer mais pelo turismo de luxo que uma campanha que se promova com custos milionários. Mas chega Lisboa vende-se por si só. Já ganhou o seu espaço a nível mundial senão ela não estaria aqui. Esta obsessão de vender o nosso património imobiliário desesperadamente a estrangeiros indigna-me. O turismo em Portugal e Lisboa em particular não é só isto que ilustra as fotos e notícias da Madona, ainda há pouco tempo o Richard Gere esteve em Lisboa na Fundação Champalimaud para acompanhar alguém Americano que estava por cá a fazer um tratamento médico. Isto me parece muito mais prestigiante de ser publicitado e bem mais glorioso para Lisboa e tudo o que tem para oferecer. Tudo o mais que se fizer pela Madona arruína a nossa fama, a nossa postura, a nossa mais-valia, vive e deixa viver.
A comunicação social deve respeitar e deixar uma folga entre ela e o público. Todo este folhetim Madona fez isto, comeu aquilo, foi acoli e acolá só me lembra a saga da Anita. A verdade é que nenhuma menina tinha a vida da Anita. Deixem a Madona lá no reino dela que em boa verdade não é o dos 99.9% da população Portuguesa. Continuamos os mesmos com ou sem Madona, á excepção do dono do imóvel e do agente imobiliário que o vão vender. Evitem a próxima capa da Anita, Madona está no reino de Liliput. Não nos façam mais pequeninos com este deslumbramento e obsessão.