Chega o Outono.
Amélia Folques
Como o cair das folhas nas árvores….
Vou deixar levar as preocupações, não adianta precaver com o que pode ser. Nada é do nosso controle, que pretensão ou inocência a nossa achar que somos os “comandantes” da nossa vida. Ou será insanidade presumir que guiamos a nossa existência? Mania das grandezas, quiçá… Tudo é tão volátil, frágil, fino e instável.
Como as árvores deixam cair as folhas e não lutam contra isso em ciclos milenares, temos que deixar a vida fluir. Seguir o curso dela, por vezes o nosso. Porque ela é isso ganhar e perder ininterruptamente. Ir do verde jade doce e seivoso à esmeralda intensa e vibrante, chegando ao âmbar castanho dourado, fossilizado e matizado.
A diferença é que a nossa vida não são ciclos constantes, é mais intrépida e surpreendente, talvez mais traiçoeira. Mas vamos fazer como a natureza deixar ir e ter fé que tudo se renove, se equilibre e assim fiquemos mais fortes.
Acabaram as tréguas dadas pelos dias luminosos e longos de Verão. Vamos dar início a mais um ciclo, a mais uma fase. Mais uma preparação interior para abraçar o frio, vento cortante e chuva.
Mais uma remodelação da empresa, mais um ano lectivo, mais uma adaptação da família a novos horários, novas rotinas que todos os anos se alteram. Às oscilações de humor que tudo isto provoca em todos nós, às dúvidas e medos do que aí vêm, às surpresas e instabilidade do mundo em que vivemos, ás fricções criadas pelo Homem e catástrofes naturais.
Vamos ignorar, deixar-nos ir, deixar cair….
Pintura- Birkenwald I 1903 Gustav Klimt