Vergonha Nacional
Amélia Folques
Domingo, um calor sufocante que me tirou as forças para fazer alguma coisa fora de casa. Passei a tarde a ver filmes no sofá com a família. Ao fim do dia fui ao facebook e aí deparei-me com o horror que estava a acontecer em todo o país. Não queria acreditar, outra vez, novamente, o colapso das nossas forças de protecção, dos nossos governantes. A falta de acção para prevenir, a falta de resposta perante a desgraça.
Vi os telejornais, debates e directos na tv.
O povo entregue a si próprio, sem meios e parcos apoios a salvar os seus bens. A loucura nas estradas e autoestradas onde o desespero faz com que tentem a viagem em contramão, as pessoas a tentar salvar as suas casas, os animais, o seu sustento, o seu negócio. A ajudar um familiar, o vizinho, o amigo. O desespero de não conseguir contactar com os seus. Os depoimentos de frustração e tristeza perante a catástrofe do povo. As imagens do esforço sobre-humano dos bombeiros, as imagens do seu desânimo e derrota perante o fogo. O choro em directo dos afectados que me oprime e humilha perante a minha total impotência.
As declarações ocas dos nossos governantes descabidas, vazias, repetitivas e sem efeito prático no terreno.
Desde Junho que ando indignada com o MAI, a sua inoperância, desarticulação, desorganização, ineficácia são gritantes, mesmo ensurdecedores. O MAI é o responsável pela execução das políticas de Segurança, Protecção e Socorro, o MAI falha completamente mais uma vez.
Que país é este? Não é o meu país de certeza. É um país onde o Estado deixou órfão o seu povo.
Deitei-me, já passava da uma da manhã com uma angústia e vergonha de ser Portuguesa infinita.