The Office, isto é, o escritório.
Amélia Folques
Ontem revi alguns episódios da série The office. Série Britânica com aquele sentido de humor acutilante, pertinente, exagerado e único.
Esta série funciona como um manual de sobrevivência num escritório.
No escritório convém fingir que não estamos 100% vivos. Não questiona, não incomoda, não pensa, não mexe, não fala, não respira, não existe, limita-te a teclar no computador. Olha para a frente, não acordes ninguém.
O chefe entra e finge que estás ralado e preocupado com qualquer coisa, a verdade é que fingir é uma apetência ou mesmo uma arte necessária para trabalhar numa área inclusivamente que não a artística. Finge mais um pouco agora que estás a ajudar um colega, agora questiona um colega sobre alguma coisa de preferência alguma que ele não faça ideia do que falas e podes inclusivamente também não teres ideia do que estás a falar, tens é que fazer um ar entendido, assim garantidamente ele acha que tu dominas uma treta qualquer. Agora finge porque sim e tens um mail urgente, faz reenvio do mail e se possível inclui a Rainha de Inglaterra ou até o Papa. Agora descreve aquela reunião como algo só para sumidades e tu eras o único entendido e iluminado do grupo. E abre páginas nas aplicações de preferência naquelas mais intricadas, enche o ecran de gráficos e esquemas e documentos e cenas estranhas. Se o telefone toca faz aquele ar de enfado mas de muita preocupação e de que ninguém passa sem o teu trabalho, de que és imprescindível, atenção atende somente se o chefe estiver por perto senão lá vai ter que ir para o voice-mail. Ao ver esta cena lembrei-me de um director que tive em tempos idos que disse numa reunião de departamento os cemitérios estão cheios de imprescindíveis.
Quando o chefe está na sala o "escritório" acorda. Ri, bajula um bocadinho, adula a figura, interessa-se pela família da personagem, e pergunta-lhe tudo desde o trisavô até ao ratinho da India não esquecendo do Bonsai se está mais viçoso, passam automaticamente a pertencer ao seu clube de futebol. Fala de trabalho, assim tipo cheio de “estresses”, e preocupações, cenas e coisas várias e de dificuldade extrema, o grupo ri mais um pouco de toda e qualquer banalidade que se diga. Enfim a vida dele é tramada o departamento é complicado, a equipa é uma treta só lhe dá desgostos. Não sabem cumprir objectivos, olha bem uma cambada de inúteis, meu Deus se não fosse ele, ainda tem mais um ou dois que possa confiar agora o resto… E o trabalho nem falar de uma responsabilidade desmesurada, coitado, uma vítima.
A verdade é que se a Nasa o descobre está aqui está a trabalhar no Cabo Canaveral. Se o Wall Street desconfia da sua genialidade estará já hoje num jacto privado com destino a NY.
Grande Ricky Gervais, excelente desempenho.
The office tem tudo o que se pede a um trabalhador motivado e proactivo.
O dia está feito de nada e coisa nenhuma. A excelência no local de trabalho.