Estive envolvida num simulacro de “incendio”, até pertencia a uma equipa de “primeira intervenção”. Questionei o organizador qual tinha sido os critérios para aquela selecção de pessoas que constituía o grupo de “evacuação”, “primeira intervenção” e "socorristas", tinham sido escolhidas por indicação da chefia. Não concordei da forma e sugeri que seria mais pertinente se a escolha tivesse sido feita dando preferência aqueles que já tivessem tido o serviço militar obrigatório, experiencia como bombeiros, até como escuteiros qualquer uma dessas populações me parecem melhor preparadas do que nós cidadãos comuns que nunca tivemos que reagir a uma situação mínima de crise. O meu grupo de trabalho ficou escandalizado, pelos vistos todos estão aptos e capazes para intervir num incendio, sismo, ataque terrorista de qualquer tipo, bombista, é só escolher a emergência. Pois sou a única que está fora do baralho, reconheço a minha ignorância, limitações e inquietações em situações de crise, a presunção dos meus colegas que acham que estão habilitados em intervir numa ocorrência de catástrofe, no caos ainda me deixou mais preocupada.
Não me tenho como cobarde, nem pouco solidária, ou mesmo egoísta e anti-social, não sou de todo desprovida de cidadania mas tenho consciência que para levar a cabo o cumprimento de uma ação concertada e eficaz perante uma eventual desgraça, preciso muito mais do que umas reuniões sobre o assunto e um dia passado nos bombeiros.
A minha filha esteve em Amesterdão este mês, foi numa visita de estudo, uma população de alunos com uma média de 17 anos. Após o jantar num restaurante no centro da cidade foram abordados pela polícia fortemente armada que lhes deram ordens de recolher pois havia distúrbios na cidade. Os jovens ficaram francamente assustados, nunca se tinham deparado com nada semelhante na vida e ficaram completamente atordoados com a situação. Enfim foi a primeira vez que a minha filha se confrontou com um quadro de crise urbana e estava completamente não preparada para a mesma.
Acho premente que o serviço militar obrigatório, chamem-lhe cívico o que quiserem, regresse. Não para atacar mas sim para sabermos como nos defender em qualquer tipo de emergência, perigo. Um povo tem que se saber organizar, tomar as melhores decisões e em tempo útil, o mais rápido perante uma circunstância de urgência seja natural ou não. Pois acho que aí falhamos completamente, o cidadão comum não faz a menor ideia de como actuar, e infelizmente o instinto de sobrevivência não chega.
No ataque, que ocorreu a semana passada, em Londres o único politico que teve uma intervenção na rua foi precisamente o que tinha estado no exército de sua Majestade, como soldado. Suponho que no nosso Parlamento não exista um único elemento que tenha feito o serviço militar obrigatório, nem escuteiros foram , estiveram entretidos numa "J". A começar pelo Ministro da Defesa ou mesmo da Administração Interna, até duvido que tenham feito parte de alguma equipa de “evacuação” ou “primeira intervenção” em algum simulacro.
Em termos de defesa o nosso país não está minimamente preparado. Durante décadas foi assunto que não se discutiu, debateu, era um não assunto. Está na hora de levar este assunto bem a sério. Temos que admitir que vivemos numa sociedade e num ambiente que é sujeito a muitas variantes, adversidades naturais ou não e que temos obrigatoriamente estar preparados e organizados para intervir de uma forma inteligente e em grupo. acho que a segurança começa por aí.