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Amelices e outros estados de alma

50 e´s ainda à procura do sentido da vida.

50 e´s ainda à procura do sentido da vida.

Amelices e outros estados de alma

29
Jan18

Campanhas de desilusão.


Amélia Folques

benetton1.jpg

 

Sempre gostei dos “trapinhos “ da Benetton. São as cores, o material, os padrões por vezes o design ou mesmo a funcionalidade das peças. Invariavelmente encontro sempre nas lojas desta marca  algo bem fofinho, muito colorido, mimoso, cómodo para usar. Sou cliente há mais de 30 anos.

Já um pouco farta de Inverno recebi com alegria o mail da Benetton anunciando a nova colecção da Primavera. Abri o mail toda entusiasmada e deparo-me com a foto de abertura da nova estação.

Algo tipo um casal jovem com uma criança todos francamente mal amanhados, mal adrajados. Tudo um pouco triste e desorganizado. Incomoda-me não haver expressões na face, apáticos, estão ali olhando para nós, espetados e estáticos. Existe um esforço por dar um toque de alegria ou primavera introduzindo uns apontamentos de flores, o que resulta só forçado e desenquadrado no meio daquela desesperança. O que leio nesta foto é uns modelos que traduzem refugiados vindos da mais profunda e pobre Africa que estejam a viver em qualquer organização que recebe refugiados em trânsito por essa Europa.

Como campanha de sensibilização pela causa dos refugiados não desvalorizo, nem minimizo o horror desta catástrofe humana. Só a Itália recebe cerca de 85% dos refugiados que entram na Europa, deve ser terrível viver com esta realidade, mais angustiante ainda ser os protagonistas dessa mesma realidade. A resolução desta epidemia não está na Europa sequer mas sim nos países de que são oriundos. É premente encontrar soluções para este flagelo. A Europa não consegue dar resposta mas não é fazendo capa da colecção de Primavera da Benetton que se vai entrar num novo ciclo para os refugiados,

Como campanha publicitária da nova colecção da Primavera falha na minha óptica de cliente porque procuro peças que falem por si, não coloco peças em camadas, á toa á espera que causem impacto. Como cliente não visualizo na imagem principal desta campanha absolutamente nada de apelativo, sedutor nas peças de vestiário apresentadas. Como cliente quero peças que não pareçam pijamas, ou compradas na feira de Carcavelos. Como cliente quero uma campanha de moda com moda que eu me consiga identificar e não uma campanha com as causas da agenda do semestre Mundial ou não, á volatibilidade das preocupações sociais ou mesmo das hipocrisias do politicamente correcto.

Como campanha de sensibilização pela causa dos refugiados está desvirtuada. A ideia que tenho de refugiados não é uma população que se vista na Benetton nem se enfeitem com flores.

Como campanha publicitária para os clientes está completamente falhada. O acto de comprar roupa por vezes é só por prazer, para dar um mimo a nós mesmos ou a alguém. Eu quero ter um momento de puro egoísmo ao comprar uma camisola o que seja e de preferência sem o "grilo falante" a lembrar-me quem nada tem, nem pátria. Só me apetece gritar "deslarguem-me". Por vezes vou ás compras para substituir algo desagradável que me aconteceu nesse dia por algo bom, tipo comer um chocolate para me reconfortar. Eu quero comprar roupa sem o cunho da culpa pela sociedade em que vivemos. Estou cansada de ser "cobrada" por tudo e por nada.

15
Jan18

Sismo e planos de emergência.


Amélia Folques

sismo.jpg

Estava eu no metro quando me ligam a dizer :-saí já na próxima estação porque a terra está a tremer em Lisboa. Nem questionei a informação e sai imediatamente na estação seguinte.

O que questiono é a propria empresa do metro não ter prontamente evacuado as estações e aberto os torniquetes ou as portas para deficientes de forma a que as pessoas saissem o mais rápido possível daquele buraco. Porque aquela hora não se sabia onde tinha sido o epicentro, o grau de intensidade do terramoto e nem se haveria ondas sismicas. Saí por iniciativa própria, ainda tive que procurar o bilhete para accionar o diabo do tornique e cheguar à rua. Escusado dizer que estava ligeiramente assustada.

O abalo já tinha passado e Graças a Deus não se repetiu mais nenhum em Lisboa esta manhã.

Só peço a Deus que me proteja de estar no metro quando um episódio de tremor, abalo de terra aconteça a sério na capital.

Conclui hoje que a empresa Metropolitano de Lisboa não tem plano de emergência, ou se tem irá ser activado demasiado tarde. Porque se é um problema pararem todas as linhas de metro devido a uma ameaça de terramoto, pelo menos as estações deveriam ter os acessos  imediatamente desbloqueados para as pessoas saírem prontamente e ordeiramente das mesmas.

O povinho faz tudo direito paga o bilhete ou mesmo o passe, os impostos todos e imaginários para a máquina funcionar. Quando é para o proteger ou defender é recorrente que a mesma máquina falhe.

É um problema o Estado não leva a segurança a sério. Depois vêm as comissões de inquérito e o meu Marcelo nos abraços, nos afectos e nos apoios morais á população que é orfã desse mesmo Estado. 

Este comportamento já se tornou num padrão que enerva.

11
Jan18

pedrinhas, pedras, pedregulhos, rochedos, meteoritos.


Amélia Folques

pedras.jpg

 

Como encaramos uma contrariedade, um contratempo, um problema, um desfortúnio, uma fatalidade, uma catástrofe? Tudo tem um peso diferente, o impacto destes acontecimentos na nossa vida é desmesuradamente distinto conforme o grau de adversidade com o que nos defrontamos.

Temos de ter a calma e a sabedoria necessária para darmos a devida importância e catalogarmos devidamente o que temos pela frente. Sem dramatismos nem carregado de fado trágico vamos avaliar o desafio que a vida nos dá. E se a vida nos deu algo deve haver uma explicação cármica, religiosa, no destino, etc para o que temos de superar. Portanto nada que não possamos lidar com ...

Está em cheque a nossa capacidade de interpretação e resolução perante as variações menos agradáveis da vida.

 Vamos esvaziar a cabeça de todo a carga tóxica das palavras. Vamos afastar as imagens negativas que este problema inconscientemente nos coloca na cabeça. Vamos fazer o exercício de lembrar episódios da nossa vida ou de vidas que passaram por nós que se viram com situações semelhantes ou mesmo diferentes e de como ajuizaram a mesma. Vamos focar nos pontos positivos da nossa existência. Vamos abstrair-nos ouvindo aquela música, ver o mar, vamos preparar aquele prato que nos conforta. Vamos ver aquela fotografia que nos leva ao tempo em que a vida era leve e feliz. Vamos ignorar tudo que esteja naquela nuvem cinzenta que ensombra os nossos passos. Vamos ligar aquela pessoa que nos pode revitalizar, que está sempre lá para nós. Vamos lembrar do som daquela gargalhada, do doce e ternura daquele sorriso. Vamos buscar aquela memória de quando tudo era inconsequente e eterno. Vamos rezar aquela oração que apendemos em criança e pedir direcção Divina para mantermos a sanidade necessária e não cedermos ao pessimismo. Vamos acreditar em nós.

Nem tudo são meteoritos que vem com uma velocidade alucinante e causam uma cratera na Terra, com um estrondo enorme e aniquilando o que lá estava antes do impacto. Nem tudo serão certamente pequenas pedrinhas que incomodam no sapato. Está tudo na forma de como encaramos a vida e os seus desafios. A nossa capacidade de luta, de resistência, de sobrevivência fala mais alto. A nossa vontade de querer rir, brincar, amar, ver a vida a acontecer, conviver, enfim de viver com motivação, entusiasmo e propósito são o principal factor para darmos o tamanho certo, o peso correcto e a importância devida ao inesperado. 

Se encontrares um meteorito no teu caminho pega num martelo, numa picareta ou mesmo com uma marreta e transforma em pó, faz areia dele. O único problema é que será uma areia escura. Que interessa, já tomei banho em praias de areia preta que são tão maravilhosas como as de areia dourada e com a vantagem de a água do mar ser mais quente, é tão bom. Tudo tem um lado positivo.

Certamente tudo terá uma lógica ou um desígnio, caberá a nós interpretar isso de uma forma construtiva e positiva. Ou então não é para ter nenhuma mensagem, não tem nada de transcendente nem sublimar e sim são só pedrinhas, pedras, pedregulhos, rochedos, meteoritos que nos vão dar trabalho para os desfazer, transformar em areia, reduzi-los ao mais pequeno e inofensivo elemento. E a bem da verdade "Não há mal que sempre dure, nem bem que se não acabe", é a Vida.

05
Jan18

A abóbada não caiu, a abóbada não cairá…


Amélia Folques

Mosteiro_da_Batalha_-_Sala_do_Capítulo_(2).jpg

Reza a lenda que a abóbada do Mosteiro da Batalha foi construída pelo arquitecto Afonso Domingues.

A dita abóbada colapsou pelo menos uma vez. O projecto seguido nesta tragédia não era o original do arquitecto Afonso Domingues. Afonso Domingues cegou durante a construção do Mosteiro e a obra foi entregue a David Ouguet um arquitecto Irlandês. Após este dramático acontecimento a abóbada foi feita segundo os estudos iniciais do arquitecto Português.

Após terminarem a abóbada Afonso Domingues fez o voto de jejuar e permanecer durante três dias e três noites sob a abóbada para provar que a mesma não voltaria a cair. Já com uma idade avançada para a época, pois a longevidade naquele tempo não era a actual acabou por morrer ao fim desses dias. Antes de falecer proferiu a tão profética frase que chega aos nossos dias: “A abóbada não caiu, a abóbada não cairá!”

O que interessa reter desta lenda/história é a confiança, a determinação e a fé que o Afonso Domingues tinha nele.

Todos os dias somos confrontados com as ideias, os argumentos, as certezas e verdades dos outros em detrimento das nossas. Porque será que geralmente achamos que o nosso entendimento das coisas, os nossos interesses ou sentimentos são menos válidos, pertinentes, importantes do que as pessoas que nos rodeiam?

Sucumbimos a uma retórica muitas vezes artificial, vazia ou mesmo rocambolesca e interesseira em prejuízo próprio. Não somos capazes de reivindicar, validar ou mesmo exigir a atenção aos nossos pontos de vista, convicções, teses ou mesmo teorias. Confiamos mais na apreciação dos outros acerca do que nos rodeia, no que acreditamos ou mesmo do que nós sentimos.

Como se entrega este poder?

Presumo que se dá este poder porque não confiamos em nós, no nosso instinto. Embora a maioria de nós já tem provas dadas nesta vida em conhecimento, experiência, vivências, lutas vencidas e desafios ultrapassados.

Estamos mais do que aptos para fazer voz da nossa sensibilidade, percepção da vida e dizer com toda a nossa convicção que a nossa “abóbada não caiu e não cairá”. Somente e simplesmente porque é a nossa. Confiemos em nós e acima de tudo no nosso instinto, porque ele é o nosso principal protector.

Talvez seja a minha 1ª resolução/determinação para 2018, a minha abóbada não caiu e não cairá.

 

Ps- agradeço á Antena 1 o excelente programa “História da História”. São só 5 minutos por dia de capítulos da nossa História. São 5 minutos de suspense, bastante ricos e descritivos, interessantes e envolventes com episódios da nossa História que ou já estavam esquecidos (é o caso desta lenda), ou que não damos o devido valor e realce e com esta analise na rádio ganha outro enquadramento, ou mesmo de todo desconhecidos para mim

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