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Amelices e outros estados de alma

50 e´s ainda à procura do sentido da vida.

50 e´s ainda à procura do sentido da vida.

Amelices e outros estados de alma

23
Mai20

Dia do Abraço


Amélia Folques

 

Não sou de efemérides, mas reconheço a importância de um abraço.

Um abraço pode ser dado para acalmar a dor, mostrar gratidão, um balsamo para a alma, expressar amizade, dar carinho, oferecer protecção, “matar” saudades, transmitir conforto, exprimir amor, revelar apoio, afirmar uma reconciliação ou suavizar uma despedida, selar promessas de amor eterno, manifestar felicidade.

É talvez a mais poderosa manifestação física que damos ou recebemos. Não há necessidade de palavras pois o gesto contém tudo. Basta abrir os braços acolher o outro neles e o sentimento que está subjacente flui.

Praticamos pouco o abraço infelizmente pois ele é terapêutico e expressivo e tão fácil de dar ou receber. Porque será que nos retraímos ou mesmo nos inibimos tanto a oferecê-lo ou a recebê-lo? Porque será que não acontece mais naturalmente? Vacilamos tanto com medo de estarmos a entrar na esfera do outro de forma abusiva, ou quando alguém nos dá ficamos hesitantes. Que estupidez.

Mesmo quando estamos mais vulneráveis e alguém nos quer dar um abraço nós por vezes em vez de aceitar esse amparo com generosidade rejeitamo-lo. Como se aceitássemos esse acto fossemos mais fracos.

Fui educada para não andar aos abraços e admito que foi um erro que dificilmente consigo ultrapassar. Permiti-me “sufocar” os meus filhos de abraços em bebes ou pequenitos, saudades dos abraços de boas vindas ou despedida dos meus pais e outros abraços. Mas fazem falta mais abraços entre amigos, irmãs, família por todas as razões, ou mesmo sem razão só porque sim. Simplesmente porque quero sentir que estou viva que tenho a capacidade de dar e quero expressar isso mesmo. Porque é importante manifestar o quanto todos que me rodeiam são importantes para mim.

Por tudo isto deem abraços com mais ou menos intensidade, com motivo ou sem justificação nenhuma. Sejam eles maternais, filiais, fraternais, de camaradagem, apaixonados, mais ostensivo ou castos, pecaminosos ou de pura amizade, de alegria ou tristeza, do que for, mas que nenhum abraço fique por dar.

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21
Mai20

Dia da Espiga


Amélia Folques

Hoje é o dia da Espiga de todos os bouquets de flores é o meu preferido.

Tudo na Espiga cheira a vida, a esperança e fé em dias prósperos com saúde e de paz.

Recorda-me dias felizes, dias despreocupados com promessas de alegria infinita e transporta-me à minha infância.

Tudo na Espiga me leva à minha Mãe foi com ela que aprendi o significado da Espiga.

A Espiga representa o desejo de que nunca falte o pão durante todo o ano, o ramo de oliveira que haja paz e luz e as flores que haja alegria. A papoila simboliza ainda amor e vida, o malmequer ouro e prata, e o alecrim saúde e força.


Esta tarde vou para o campo apanhá-la com uma amiga. Algo que não fazia desde menina.

Talvez porque este ano a minha necessidade de raízes, terra, e actos simbólicos esteja necessitada de um novo e forte sopro. Pois sinto que estive submersa nos últimos tempos num lugar bem estranho e bem escuso. Preciso ver a vida a acontecer, a terra a brotar, as cores da natureza, o ar fresco a correr.

O dia da Espiga era também o "dia da hora" e considerado "o dia mais santo do ano", um dia em que não se devia trabalhar. Era chamado o dia da hora porque havia uma hora, o meio-dia, em que tudo parava, "as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e as folhas se cruzam", “no Dia da Ascensão nem os passarinhos bolem nos ninhos”. Era nessa hora que se colhiam as plantas para fazer o ramo da espiga e também se colhiam as ervas medicinais.

O ramo da Espiga é colocado geralmente atrás da porta de entrada de casa  mas também pode ser atrás da porta da cozinha ou na sala, por vezes junto de uma imagem religiosa, como se a casa ficasse com um escudo de protecção contra tudo que de mal nos possa assolar. Fica lá até ao ano seguinte, altura em que é substituído por um novo ramo.

Feliz dia da Espiga.

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04
Mai20

Flores à minha Mãe.


Amélia Folques

Ontem foi o dia da Mãe. Neste dia tenho como ritual ir ao cemitério colocar umas flores frescas na campa da minha Mãe.

Logo pela manhã fui ao cemitério. Havia um funcionário camarário que tinha instrucções para impedir o acesso a pessoas que não levassem máscara e luvas. Eu não ia equipada para essa restricção. Compreendo que as regras existam nestes tempos estranhos, mas com bom senso e coerência.

Num cemitério imenso onde numa manhã estão lá meia dúzia de almas saudosas e carentes daqueles que vão visitar para quê as luvas e a máscara? Dificilmente me cruzo com alguém incluindo o dito coveiro que me barrava a entrada. O senhor insistia que tinha ordens e até me mostrou o edital da Câmara de Cascais com a informação. Ele próprio não tinha luvas calçadas. Enquanto eu mostrava o meu desalento por tão estupida medida vi que no recinto do cemitério estava lá um cavalheiro a despejar lixo sem as prementes luvas e máscara interroguei o coveiro/segurança porque é que aquela pessoa podia estar lá dentro sem a protecção tão importante e eu tinha de a ter para atravessar aquele portão. O senhor respondeu-me que aquele era o Sr. João e vivia no cemitério. Então o Sr. João como só lidava com mortos não tinha o vírus dos vivos pensei eu para tal lógica.

Achei que era melhor não armar mais confusão pois é difícil argumentar perante tanta falta de nexo e fui a casa buscar os apetrechos do Corona para pôr em paz as flores à minha Mãe.

Voltei e fiz o que faço sempre, coloco flores, rezo e tiro uns minutos para “estar só com Ela”.

Estava a sair e já lá não estava o dito coveiro/ segurança que me tinha proibido a entrada, estava lá outro funcionário camarário sem luvas nem máscara e a barrar a entrada a quem não as tivesse. Aí a paciência escapou-me toda.

É certo que quem anda a fazer leis neste país não as pratica. É recorrente ver ministros e secretários em espaços fechados sem máscaras nem luvas porque nos exigem tudo e mais alguma coisa? E pelos vistos quem goza de poder nem que seja o poder mais baixo nas hierarquias o usam a seu bel-prazer.

Novamente achei que precisava de explicações e fiquei à espera do empregado que me tinha negado o acesso voltasse ao seu posto. Quando chegou disse-lhe que aquilo era uma afronta a um estado de direito, que era uma prepotência o que estavam a fazer, que eramos todos iguais, etc. Nesta minha palestra sobre direitos do Homem e democracia chega um senhor que ia à sepultura do pai colocar umas flores sem máscara nem luvas.

Mais um que era barrado, um homem grande e forte que simplesmente respondeu chame a polícia se quiser pois vocês não estão equipados conforme pedem e ouvi ontem a ministra da Saúde a dizer na televisão que só era obrigado a usá-las em espaços fechados que o dito edital era uma burrice da Câmara e entrou.

E eu pensei devia ter feito o mesmo logo à primeira, quem exige tem de dar o exemplo. Isto de não querer perturbar mais a pobre e frágil paz pública nestes tempos tão difíceis para todos não clarifica nada e dá azo a muita atitude ditatorial e repressiva sem lógica nem bom senso. Não nos sufoquem mais.

 Existe muita gente que quer ser mais papista que o Papa e até esse entende a importância de relembrar os mortos e honrá-los. E ontem eu só queria levar flores à minha Mãe.

 

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