Aquilo que não me mata só me fortalece, mentira.
Amélia Folques
Aquilo que não me mata só me fortalece. Mentira, mentira, mentira. Qual Joacine ensandecida grito mentira.
Digam-me como um prato partido tem a mesma estrutura do que um prato intacto. Se um é o resultado de cacos partidos e colados e o outro mantém as suas qualidades invioladas.
Quantos acontecimentos nefastos podem acontecer connosco ou com aqueles que nos são queridos como embates de doenças, sofrimento físico ou psicológico, falências emocionais ou financeiras ou desgostos amorosos, desilusões, traições ou deslealdades de todo o tipo, saudades somos capazes de aguentar? E como tudo isto nos faz mais fortes?
Simplesmente não nos torna mais fortes. Só nos entristece, enfraquece, ensombra a nossa existência, amargura-nos e desacreditamos no mistério belo que é a vida. Quando mais inocentes nós formos mais crédulos e fortes seremos. Preciso dessa inocência para crer que tudo é ultrapassado e que amanhã o dia será leve e lindo, preciso dessa inocência para renascer com confiança e determinação para vencer as adversidades. Preciso da coragem que vem dessa inocência, coragem que vem de um coração não calejado, porque todos os actos de coragem são ordenados pelo coração e esse tem que se manter puro e crente. A candura para sermos amáveis, gentis e honrados para com os outros e connosco também.
Sempre que a vida me é “madrasta” após uma contenda, uma chicotada do vento do norte, um terramoto que nos tira o chão procuro em mim a menina que albergo. Pois só ela me pode restituir a fé, a alegria, a paz para prosseguir. Essa menina é o meu último reduto para sentir que esta vida faz sentido e merecemos vivê-la com todo o seu imenso esplendor. É a criança que há em nós que nos fortalece, revigora e salva.