Ciclos
Amélia Folques
Em miúda tive uma lição fabulosa, relembro-a muitas vezes quando ando frustrada e dá-me alento quando questiono tudo à minha volta.
Devia ter uns 9 anos e queria muito ter um Monopólio, para a época era um jogo caro. Os meus pais não mo davam, achavam que já tínhamos muitos brinquedos. Era desnecessário, eu estava frustrada e triste, achava que era injusto. Não desisti, as minhas irmãs e eu fizemos um com cartolina, lápis de cor, papel e sei lá com que mais artefactos foram usados para montar o nosso jogo. No fim funcionava e jogávamos com ele.
Só sei que em menos de 2 meses lá em casa já havia 2 ou 3 Monopólios que nos tinham oferecido.
Aprendi que se é para acontecer, acontece. Pudemos ter fases piores, temos que nos recriar, inventar, improvisar, mas também existem fases de extrema abundancia, facilidade, que a vida vai de feição. Também sei que tanto acontece com os bens materiais como com todos os aspectos da nossa vida, amor, saúde, sucesso, felicidade, paz, etc.
Suponho que a vida só tenha sentido com a coexistência destes 2 ciclos, um complementa o outro, um valoriza o outro. A moeda e o reverso dela.
Aprendi na Madeira que quando o mar fica revolto de um momento para o outro, respira-se fundo tem-se calma e contam-se sete ondas, o mar após passarem as 7 ondas acalma. Finalmente podemos nadar em segurança para terra.
Mais uma vez ciclos, padrões que se repetem e temos que respeitar.
E assim se leva a vida, oscilando mas nunca desmoralizando ou desistindo nos momentos menos bons. Existe sempre a bonança, a recompensa, a paz.