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Amelices e outros estados de alma

50 e´s ainda à procura do sentido da vida.

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Amelices e outros estados de alma

04
Mai20

Flores à minha Mãe.


Amélia Folques

Ontem foi o dia da Mãe. Neste dia tenho como ritual ir ao cemitério colocar umas flores frescas na campa da minha Mãe.

Logo pela manhã fui ao cemitério. Havia um funcionário camarário que tinha instrucções para impedir o acesso a pessoas que não levassem máscara e luvas. Eu não ia equipada para essa restricção. Compreendo que as regras existam nestes tempos estranhos, mas com bom senso e coerência.

Num cemitério imenso onde numa manhã estão lá meia dúzia de almas saudosas e carentes daqueles que vão visitar para quê as luvas e a máscara? Dificilmente me cruzo com alguém incluindo o dito coveiro que me barrava a entrada. O senhor insistia que tinha ordens e até me mostrou o edital da Câmara de Cascais com a informação. Ele próprio não tinha luvas calçadas. Enquanto eu mostrava o meu desalento por tão estupida medida vi que no recinto do cemitério estava lá um cavalheiro a despejar lixo sem as prementes luvas e máscara interroguei o coveiro/segurança porque é que aquela pessoa podia estar lá dentro sem a protecção tão importante e eu tinha de a ter para atravessar aquele portão. O senhor respondeu-me que aquele era o Sr. João e vivia no cemitério. Então o Sr. João como só lidava com mortos não tinha o vírus dos vivos pensei eu para tal lógica.

Achei que era melhor não armar mais confusão pois é difícil argumentar perante tanta falta de nexo e fui a casa buscar os apetrechos do Corona para pôr em paz as flores à minha Mãe.

Voltei e fiz o que faço sempre, coloco flores, rezo e tiro uns minutos para “estar só com Ela”.

Estava a sair e já lá não estava o dito coveiro/ segurança que me tinha proibido a entrada, estava lá outro funcionário camarário sem luvas nem máscara e a barrar a entrada a quem não as tivesse. Aí a paciência escapou-me toda.

É certo que quem anda a fazer leis neste país não as pratica. É recorrente ver ministros e secretários em espaços fechados sem máscaras nem luvas porque nos exigem tudo e mais alguma coisa? E pelos vistos quem goza de poder nem que seja o poder mais baixo nas hierarquias o usam a seu bel-prazer.

Novamente achei que precisava de explicações e fiquei à espera do empregado que me tinha negado o acesso voltasse ao seu posto. Quando chegou disse-lhe que aquilo era uma afronta a um estado de direito, que era uma prepotência o que estavam a fazer, que eramos todos iguais, etc. Nesta minha palestra sobre direitos do Homem e democracia chega um senhor que ia à sepultura do pai colocar umas flores sem máscara nem luvas.

Mais um que era barrado, um homem grande e forte que simplesmente respondeu chame a polícia se quiser pois vocês não estão equipados conforme pedem e ouvi ontem a ministra da Saúde a dizer na televisão que só era obrigado a usá-las em espaços fechados que o dito edital era uma burrice da Câmara e entrou.

E eu pensei devia ter feito o mesmo logo à primeira, quem exige tem de dar o exemplo. Isto de não querer perturbar mais a pobre e frágil paz pública nestes tempos tão difíceis para todos não clarifica nada e dá azo a muita atitude ditatorial e repressiva sem lógica nem bom senso. Não nos sufoquem mais.

 Existe muita gente que quer ser mais papista que o Papa e até esse entende a importância de relembrar os mortos e honrá-los. E ontem eu só queria levar flores à minha Mãe.

 

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