Ilusão
Amélia Folques
É tão verdade, eu sou perita em arranjar desculpas para os outros, procuro sempre uma razão lógica, racional, talvez procuro o melhor deles. Não aprendo que tenho que esquecer as palavras e focar-me nos actos, isto acontece nas relações interpessoais, familiares, profissionais, amorosas o que quiserem.
De que adianta um desculpa, eu queria mas…, cheguei tarde porque…, foi superior a mim, doi-me a garganta ou a cabeça, não fui eu que decidi, esqueci-me, passou-me, não quis incomodar, já era tarde, para a próxima, não volta acontecer e tantas outras desculpas. Palavras…No fim o resultado é o mesmo, és beliscada, és desconsiderada, és ignorada, és preterida. Entendo, não fazes parte da cadeia de interesses, preocupações, amizade dessa pessoa.
Eu sei e aceito que existe uma hierarquia de preferências e nós não podemos estar sempre no Top 10, aqui o que condeno mesmo é o peso da ilusão, para quê fazerem esse esforço de se explicarem de iludirem o outro, de demonstrarem sentimentos que não os têm? O que a vida me ensinou é que a essência dessas pessoas vem sempre ao de cima. O mais estranho é nós nos iludirmos por algo que não está lá, simplesmente não existe.