Seres humanos ou manadas
Amélia Folques
Com tanto querer não ferir susceptibilidades, de querer arranjar “caixinhas” para cada tipo de pessoa, que existe um leque variadíssimo de definições de género. Tanto alargaram o espectro que os Ingleses como povo pragmático o reduziram a “hello everyone”. E assim passaste a não ter género, nem tipo de todo.
Passaste a fazer parte de uma massa, uma mixórdia de todos que estão no metro contigo.
Se fosse Inglesa e utente do metro revoltar-me-ia, não quero pertencer aos “everyone”, quero ser eu. Tenho identidade, não quero ser identificada como uma no meio de toda a população que me rodeia, eu sou eu, tu és tu, nós podemos ser outra coisa.
Quem nunca lhe aconteceu estar num espaço publico ou não, olhar em redor e pensar que não tem nada a ver com a gente que gira á sua volta. De que buraco é que saíram questionamos, onde foi a jaula que abriram a porta? Por favor não me engulam, não me coloquem nessa amálgama humana.
Chego mesmo a questionar esta luta, essa dita abertura na diferenciação dos géneros não será mais do que um plano entre outros para retirar a nossa identidade. O mesmo se aplica com o politicamente correcto, onde qualquer pessoa que tenha a audácia de se manifestar com a sua opinião é trucidada em praça pública. No teu trabalho não és fulano tal és um colaborador com um nº, ponto. Tens que estar uniforme, tens que ser formatada e alinhada com o que pretendem de ti. Não podes ser uma nota discordante da maioria que te rodeia
Nada mais fácil do que governar com um povo completamente descaracterizado, onde retiraste toda e qualquer individualidade, personalidade e identificação. Com a desculpa da neutralidade de género ou outra particularidade para não ferir sensibilidades, do politicamente correcto para sermos “equilibrados”, “tolerantes”, “neutros” estamos a abrir um caminho perigoso na desfiguração da sociedade e tantas outras pequenas coisas que nos passam despercebidas ou nem questionamos na nossa boa fé.
Gostei de ler uma entrevista do Ney Matogrosso (está em link abaixo) onde ele afirma : Que gay o cara@@o. Eu sou um ser humano.
É assim que nos devíamos definir acima de tudo como seres humanos, cada um com as suas vivências, particularidades, expectativas, discursos, etc.
As ditaduras começam assim. Quando o povo deixa de ter voz e rosto. Deixamos de ser seres humanos e somos manadas.