Viajar para a Madeira.
Amélia Folques
Depois do voo ter partido com cerca de 1h de atraso e indecisões várias sobre a porta de embarque rumamos à maravilhosa ilha da Madeira. Sou daquelas que preferem companhias de bandeira, uma perfeita “aburguesada”. Gosto de conforto, organização e segurança, nisto de viajar de avião sou muito comodista. Para o destino Madeira a TAP dá-me outra segurança. Após entrar no avião fomos recebidos por uma equipa simpática que fez toda aquela recepção calorosa de boas-vindas e outros salamaleques.
O voo decorria tranquilamente como gosto, sem tremeliques e outros abanos. Estava eu quase a dormir fui interrompida para jantar, Aceitei o jantar que era uma “sandocha” de algo indefinido e rúcula entregue sem prato nem tabuleiro assim envolvida num plástico e um guardanapo. E para beber perguntaram, pedi a clássica garrafinha de vinho tinto. Agora só temos vinho a copo. Vinho a copo !!? Apeteceu-me pedir um pastel de bacalhau para acompanhar. Bebi a “sorrelfa” que não sei de quem era, mas era tinto pela cor e há muito que me socorro deste precioso liquido para tornar as minhas viagens de avião mais leves.
Adorava andar de avião, agora adoro viajar e para isso preciso do avião. Depois de tão frugal refeição já estava eu bem desperta. Procurei pelos écrans de televisão que costumavam passar mini filmes e iam dando em tempo real a nossa posição no trajecto da viagem e outras informações, estavam desactivadas disse-me o assistente de bordo. Nestes voos já não existe este serviço. Bem aquilo ajudava-me a distrair um pouco e era simpático ver que estávamos mais perto do destino.
Agora o que vou fazer? Ver a revista da “free-shop” podia ser que aparecesse alguma coisa interessante, como não a encontrava nas bolsas das cadeiras mais uma vez chamei o/a assistente. Já não há vendas a bordo nos voos para a Madeira, só nos longos cursos.
Olhei à volta para ter a certeza que não estava num avião “low cost”.
Viajei vezes sem conta nesta rota e era outro serviço, outra oferta a bordo. Sou do tempo que davam aos meus filhos um livro para entreter e lápis de cor.
Esta democratização das linhas áreas não baixaram os preços apenas (embora no caso da Madeira não sinta essa diferença, os bilhetes são caros) mas sim baixaram o nível da experiência que é viajar de avião. Sempre temos a mais-valia de aterrar democraticamente num aeroporto com nome de jogador de futebol, filho da terra.
Estou tão fartinha do desbaratar de tudo que nos identificava, que nos distinguia e qualificava, o que era de prestígio e referência foi banido. A maioria da população acha estes novos tempos tão normais que eu fico estupefacta com a facilidade com que se aceita o medíocre.
O mercado livre dizem eles, para mim é selvagem e mais uma vez se nivela tudo por baixo e isso é que é democrático julgam eles.